sexta-feira, 5 de junho de 2009

entorpecida

Parte 4.

Suas mãos determinadas envolveram o corpo de Olívia a trazendo sutilmente para perto de si. A tentativa desesperada de soltar-se foi inútil, pois tua pele ligava-se a dele, teu corpo não respondia aos seus comandos e o mundo se tornava inefável quando ele a acolhia em seus braços. Seus lábios frios encontraram-se. Beto beijou-lhe docemente o canto de seus lábios, como quem almeja e guarda cada minucioso detalhe. O beijo era intenso e saudoso, revelava os verdadeiros sentidos de estarem ali.
Olívia afastou-se subitamente. Possuidora de um olhar angustiado sentia a ferida ainda mais desperta dentro de si. Beto tentou reaproximar, mas ela o mantinha sempre longe. Domada por sua fúria já não era capaz de reter suas lágrimas e sob suas angústias se pôs a dizer:
- Eu ainda desoriento você? Ou você simplesmente me quer quando lhe convém, pois já nem sei de que forma você foi embora, mas me lembro claramente cada dia desses dois anos em que se manteve longe. Portanto justifique, me faz compreender, por que eu simplesmente não consigo mais suportar tentar odiar você.
-Num mundo de sonhos eu almejei voar. Vivenciar a plenitude dos ares e ser livre. Liberdade eu descobri que não existe, pois a minha liberdade, o meu ideal, o meu verdadeiro sentido é quando me vejo em seus olhos. Perdoe-me por ter ficado distante por tanto tempo, mas preciso que acredite. –Beto tocou delicadamente o rosto de Olívia. –Eu preciso de sua graça, eu preciso de sua inocência para lembra aquilo de bom que restou em mim. Sem poder dizer como ou quando, dizer aquilo que justifique o que me afastou, saiba que eu apenas estou aqui por você.
-Como você me aparece depois de dois anos sem nenhuma notícia pedindo para que eu compreenda, para que todas essas palavras bastem. –Olívia secava suas lágrimas. –Agora é tarde demais. Nunca mais volte aqui.
-Eu vou te provar o quanto mereço você.

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