sexta-feira, 26 de junho de 2009

Deixe.



Quando foi a última vez em que disse o quanto se importava?
Não de uma forma automática, ou simbólica, mas aquela real, aquela sublime
e tão maravilhosa forma de declarar um sentimento verdadeiro.
Num simples fechar de olhos tudo pode desaparecer.
Faça seus planos, e executem, ainda que temam.
Escolhas. Elas são sempre complicadas e sombrias e nunca
surgem com garantias de que tudo dará certo,
Mas quem se importa afinal?
Destino, sina, acaso, no fim tudo se resume a viver.
Portanto viva como se fosse possível sonhar todas as noites
deixe que um abraço o fortaleça, acredite no que vem de si,
pois é o melhor guia que pode encontrar.
Deixe que o tempo cure.
Mas não perca tempo.
Surpreenda a vida sempre que possível.
Olhe para si, e diga, sem temer
“Eu estou aqui por você, eu me importo e amo.”
Nós precisamos dessas palavras.
Não deixe para dizê-las quando não houver mais tempo.
O tempo é o agora, e o agora passa num segundo.
Faça valer apena!

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Percepções

Parte 7.

Seus sentidos destilavam-se meio ao caos de suas percepções e não suportava respirar, procurava, contudo seus esforços eram insuficientes, e permanecia a buscar o ar, mas este ato lhe fugira da memória, havia se esquecido de como se sobrevive. Concentrou-se o máximo que pode, seu olhar atormentado tentava focar o rosto simpático de um homem que persistia manter uma conversa, entretanto só conseguia olhar para o extenso corredor iluminado todo branco. Uma lágrima escorreu levemente pelo seu rosto, como uma lâmina afiada, tirando-lhe toda força de sua alma. Olívia recuperou o ar e pela primeira vez desde sua chegada conseguiu encarar o médico.
-Não há nenhum motivo para permanecer se não puder tê-lo mais uma vez.
-Preciso que aguarde uns minutos. –O médico tentou acalmá-la. –Tem de confiar em mim.
-Eu preciso... –Olívia sentiu o ar lhe fugindo novamente. –Você tem de me dizer que ficará tudo bem, me diga que ele ficará bem!
-Respire. –Abaixando-se para encarar Olívia sob um olhar gentil e determinado. –Você tem que acreditar, pois vou fazer o melhor, e sou o melhor no que faço, entendeu?
Olívia apenas assentiu com a cabeça.
-Quer que liguem para alguém?
-Salve-o! –Olívia berrava assustando aqueles que aguardavam, mas não podia suportar, não conseguia manter-se de pé, era uma dor inimaginável que lhe domava a essência. –Apenas, o traga de volta para mim.
-Você o terá de volta, e isso é uma promessa! –O médico segurou suas mãos. –E eu não sou um homem de promessas, mas esta eu faço por você.
Olívia o viu se afastando e sumindo no corredor branco. Uma melodia sem acordes, feita de silêncio, sentia seu coração bater forte em seu peito. Fechou os olhos, permitindo uma nova lágrima corta-lhe a face, destruída de sentidos mergulhava em suas lembranças e apenas tentava manter-se respirando.

Continua...

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Segunda chance

Parte 6
Todavia os caminhos não são ditados por nossas escolhas. Isso é apenas um processo, uma parte, um parágrafo que inicia um capítulo de toda uma história. Alguns preferem acreditar que para tudo existe uma explicação, outros se contentam em descobrir a cada segundo. Entretanto destino e escolhas é um complemento, um elo que trás seus resultados sem a menor necessidade de nosso consentimento. Durante o caminho, todo o destino era certo demais para eles. Tudo que eles precisavam estavam exatamente naquele espaço. Uma curva sinuosa, um carro que não fazia parte do plano.
Tudo que conseguiu perceber foi o forte impacto. Sentia movimentos de rotação, mas não sabia distinguir de que forma o carro reagia ao confronto. Um silêncio. Silêncio muito maior do que Olívia gostaria de presenciar. Conseguiu ver a cidade tão iluminada. Leves cortes encontravam-se por sua pele e em sua testa. Fez uma prece antes de virar para Beto.
-Beto. –Olívia não sabia como controlar as emoções. –Por favor, você prometeu, tem que ficar comigo.
E numa questão de segundos o Tudo se tornou nada Seu corpo imóvel era contra tudo que Olívia podia suportar. Sem sair do carro Olívia segurou fortemente a mão de Beto e sentiu um medo domar-lhe a alma e ali se pôs a esperar.

último segundo.

Parte 5.

Olívia virou-lhe as costas e seguiu para entrada do prédio. Sem conseguir prosseguir com lágrimas que ainda persistiam em cair voltou para perto dele:
-Tudo tão tarde, tudo tão errado.
-Eu não tinha o direito de lhe pedir para esperar, mas o fiz. Eu sinto a sua falta e o que me mantém de pé nesse instante é acreditar que você ficará comigo e nunca precisará partir.
-Suportaria abrir mão de seus documentários e viver esse infernal cotidiano?
-Faço tudo por nós, para você, pra não ter de viver sua ausência por mais um segundo.
-Eu sinto tanto sua falta.
-Acredite e não m mande embora.
Olívia cedeu um sorriso. Seus corpos molhados havia se tornado imunes ao frio. Olívia estendeu-lhe a mão o convidando a entrar. Em seu peito um alívio amenizava toda a dor e neste instante ela não duvidou do quanto valia, do quanto o amava, e do quanto jamais por um segundo que seja foi capaz de destruir isso dentro de si mesma.
-Quero lhe mostrar um lugar. –Beto beijou-lhe docemente. –Mas preciso do carro emprestado, pois como pode perceber, estou bem a caráter de “andarilho”.
-Prometa que nunca mais vai me deixar?
-Eu juro, eu prometo você não se sentira sozinha nunca mais.
As mais belas canções em suas harmonias perfeitas pareciam enobrecer o cenário. O clima frio divergia ao calor de seus corpos quando juntos. Beto havia se esquecido da simplicidade em sorrir. Olívia havia se esquecido do que significava confiança. Sem retornar para o apartamento Olívia não se importou em segui ao lado de Beto para onde quer que ele fosse a levar.

entorpecida

Parte 4.

Suas mãos determinadas envolveram o corpo de Olívia a trazendo sutilmente para perto de si. A tentativa desesperada de soltar-se foi inútil, pois tua pele ligava-se a dele, teu corpo não respondia aos seus comandos e o mundo se tornava inefável quando ele a acolhia em seus braços. Seus lábios frios encontraram-se. Beto beijou-lhe docemente o canto de seus lábios, como quem almeja e guarda cada minucioso detalhe. O beijo era intenso e saudoso, revelava os verdadeiros sentidos de estarem ali.
Olívia afastou-se subitamente. Possuidora de um olhar angustiado sentia a ferida ainda mais desperta dentro de si. Beto tentou reaproximar, mas ela o mantinha sempre longe. Domada por sua fúria já não era capaz de reter suas lágrimas e sob suas angústias se pôs a dizer:
- Eu ainda desoriento você? Ou você simplesmente me quer quando lhe convém, pois já nem sei de que forma você foi embora, mas me lembro claramente cada dia desses dois anos em que se manteve longe. Portanto justifique, me faz compreender, por que eu simplesmente não consigo mais suportar tentar odiar você.
-Num mundo de sonhos eu almejei voar. Vivenciar a plenitude dos ares e ser livre. Liberdade eu descobri que não existe, pois a minha liberdade, o meu ideal, o meu verdadeiro sentido é quando me vejo em seus olhos. Perdoe-me por ter ficado distante por tanto tempo, mas preciso que acredite. –Beto tocou delicadamente o rosto de Olívia. –Eu preciso de sua graça, eu preciso de sua inocência para lembra aquilo de bom que restou em mim. Sem poder dizer como ou quando, dizer aquilo que justifique o que me afastou, saiba que eu apenas estou aqui por você.
-Como você me aparece depois de dois anos sem nenhuma notícia pedindo para que eu compreenda, para que todas essas palavras bastem. –Olívia secava suas lágrimas. –Agora é tarde demais. Nunca mais volte aqui.
-Eu vou te provar o quanto mereço você.

Proteção sólida

Parte 3.

A rua estava deserta. Por um instante Beto almejou não sentir tanta dor. Ela que a pouco sorria, agora era possuidora de uma palidez. Seus olhos não acreditavam. Largando imediatamente o telefone. Olívia desapareceu, deixando uma escuridão no lugar. Beto lidava com seu pior tormento e sem forças para suportar, sentou-se na calçada admirando agora a escuridão que vinha da janela. Desejou que soubesse rezar, talvez aqueles que soubessem ao menos teria um conforto, buscariam num pedido o alicerce para permanecer, mas ele não acreditava.
De memória carregava o peso do mundo, o conflito e sem suportar o silêncio encostou seu rosto cansado sob seus joelhos, agarrando-se á eles como se disto dependesse o seu respirar. Um ruído soou no silêncio da noite, contudo Beto não se mexeu. A chuva deixara seus delicados pingos e agora domava os ares, intensa e fria persistia em cair.
A escuridão ressaltava os mais temerosos conflitos conservados em alma. Olívia caminhava delicadamente e sutilmente se retirou sem que ninguém fosse capaz de reparar sua ausência. Seu corpo reagiu instantaneamente à forte chuva. Sob uma brisa gélida Olívia encolhia-se, mantendo os braços cruzados na tentativa de espantar o frio. Sua boca movimentava-se, contudo nenhum som saía. Questionando sua sanidade Lívia desejou não tê-lo visto de seu quarto. Consumida pelos mais sórdidos transtornos, disparou a falar histericamente:
-Em algum momento perdido do tempo, enquanto destilava todos os meus sentidos guiados por uma simples canção, deslumbrava sua imagem e criava situações, onde eu apenas saberia como você estava nesta noite. –Olívia deixou escapar um sorriso nervoso que ocultava sua vontade de gritar loucamente. –E como uma brincadeira, enquanto a vida dita suas regras eu simplesmente encontro minha resposta de maneira precária e pouco sã bem diante a mim.
Seus sentidos conturbaram-se fundidos a ansiedade de simplesmente vislumbrar ela diante de si. Aquela voz doce soava feito o acorde perfeito de sua sinfonia. Antes de erguer seu rosto Beto desejou subitamente que não fosse um sonho, alucinação, fascínios de sua própria loucura. Seus olhos guardavam cada minucioso detalhe dela. Num salto levantou-se. Tornou-se o próprio silêncio, era incapaz de dizer algo, então ficou a encarar os olhos castanhos e furiosos que lhe olhavam.
-Nada digno de um “andarilho”, poderia esperar qualquer ato, exceto o que me oferece nesse momento.
-Poderia lhe relatar minhas diversas andanças pelo mundo. Contar-lhe sobre a solidão que perpetuou minha caminhada. Fazer-lhe compreender meus atos e minhas buscas. Poderia vir em minha defesa e dizer que não sou um vilão. –Beto aproximou-se. –Poderia dizer que me realizei em minhas buscas, contudo todas essas palavras sumiram feito o vento, como brisa passageira, portanto domado pelo nada em que me tornei vim resgatar o sentido da minha vida.
-Desejo sorte nessa sua busca. –Olívia sentiu retomar aquela dor adormecida da qual um dia se julgou livre. –Eu apenas precisava que você me olhasse nos olhos e enxergasse o quanto me destruiu quando partiu. Este é nosso último momento, portanto olhe bem fundo, pois preciso saber que não foi em vão.
-Eu preciso de você!
-Sinto muito.

Intensidade

Parte 2.

A rua estava deserta. Por um instante Beto almejou não sentir tanta dor. Ela que a pouco sorria, agora era possuidora de uma palidez. Seus olhos não acreditavam. Largando imediatamente o telefone. Olívia desapareceu, deixando uma escuridão no lugar. Beto lidava com seu pior tormento e sem forças para suportar, sentou-se na calçada admirando agora a escuridão que vinha da janela. Desejou que soubesse rezar, talvez aqueles que soubessem ao menos teria um conforto, buscariam num pedido o alicerce para permanecer, mas ele não acreditava.
De memória carregava o peso do mundo, o conflito e sem suportar o silêncio encostou seu rosto cansado sob seus joelhos, agarrando-se á eles como se disto dependesse o seu respirar. Um ruído soou no silêncio da noite, contudo Beto não se mexeu. A chuva deixara seus delicados pingos e agora domava os ares, intensa e fria persistia em cair.
A escuridão ressaltava os mais temerosos conflitos conservados em alma. Olívia caminhava delicadamente e sutilmente se retirou sem que ninguém fosse capaz de reparar sua ausência. Seu corpo reagiu instantaneamente à forte chuva. Sob uma brisa gélida Olívia encolhia-se, mantendo os braços cruzados na tentativa de espantar o frio. Sua boca movimentava-se, contudo nenhum som saía. Questionando sua sanidade Lívia desejou não tê-lo visto de seu quarto. Consumida pelos mais sórdidos transtornos, disparou a falar histericamente:
-Em algum momento perdido do tempo, enquanto destilava todos os meus sentidos guiados por uma simples canção, deslumbrava sua imagem e criava situações, onde eu apenas saberia como você estava nesta noite. –Olívia deixou escapar um sorriso nervoso que ocultava sua vontade de gritar loucamente. –E como uma brincadeira, enquanto a vida dita suas regras eu simplesmente encontro minha resposta de maneira precária e pouco sã bem diante a mim.
Seus sentidos conturbaram-se fundidos a ansiedade de simplesmente vislumbrar ela diante de si. Aquela voz doce soava feito o acorde perfeito de sua sinfonia. Antes de erguer seu rosto Beto desejou subitamente que não fosse um sonho, alucinação, fascínios de sua própria loucura. Seus olhos guardavam cada minucioso detalhe dela. Num salto levantou-se. Tornou-se o próprio silêncio, era incapaz de dizer algo, então ficou a encarar os olhos castanhos e furiosos que lhe olhavam.
-Nada digno de um “andarilho”, poderia esperar qualquer ato, exceto o que me oferece nesse momento.
-Poderia lhe relatar minhas diversas andanças pelo mundo. Contar-lhe sobre a solidão que perpetuou minha caminhada. Fazer-lhe compreender meus atos e minhas buscas. Poderia vir em minha defesa e dizer que não sou um vilão. –Beto aproximou-se. –Poderia dizer que me realizei em minhas buscas, contudo todas essas palavras sumiram feito o vento, como brisa passageira, portanto domado pelo nada em que me tornei vim resgatar o sentido da minha vida.
-Desejo sorte nessa sua busca. –Olívia sentiu retomar aquela dor adormecida da qual um dia se julgou livre. –Eu apenas precisava que você me olhasse nos olhos e enxergasse o quanto me destruiu quando partiu. Este é nosso último momento, portanto olhe bem fundo, pois preciso saber que não foi em vão.
-Eu preciso de você!
-Sinto muito.

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Esta noite

Esta noite
E de certo nada tinha. Apenas um passo a frente e tudo lhe parecia suportável. Os letreiros eram convidativos e suas percepções o enganavam, já não sabia se de partida ou volta, mas se punha a caminhar. Pés descalços, corpo trêmulo, mais uma noite sem rumo. De companhia dispunha de sua própria sorte, ou a falta dela. Na verdade apenas sobrevivia, enquanto sonhava com ela. Sentia o cansaço domar sua mente, mas persistia noite a fora. Em suas andanças deslumbrava- se com cada nova esquina. Reverenciava o luar, que de beleza o alimentava a alma. Soava feito uma canção poetizada o vento que lhe tocava a pele enquanto Beto rendia-se aos pensamentos mais sórdidos que guardava em silêncio.
Entretanto, vivenciar a insanidade não lhe pareia anormal. Anormal era o corpo que passa fome, o santo que se vende e a certeza absoluta. Beto simplesmente vivia o encanto dos deslumbramentos da paixão, a qual de forma avassaladora devastou toda vida restante em si. De memória guardava sorrisos plenos, o toque, o lábio, o corpo, o cheiro toda a essência dela. O mundo, o tudo se tornou canções perdidas, melodias desfeitas, laços partidos e uma dor sombria e sórdida que lhe amargava toda alma, todo o pensamento, mas não conseguia desfazer-se dela e junto livrar-se desta prisão sentimental.
Uma luz o fez parar. Seus sentidos embriagavam-lhe a pouca razão que continha. O sorriso! Começava a sentir os leves pingos de chuva sobre teu corpo, contudo precisava, almejava vê-la mais uma vez. Se houvesse um único momento na vida do qual pudesse destruir todas as certezas, o faria nesse momento. Seria unicamente o não saber dentre a verdade que o mantinha ali. Ela parada na janela, sorrindo ao telefone. Beto recordou que um dia foi à razão deste tão pleno momento e riu da própria ironia da vida. Seus conflitos estavam todos diante de si, teria de escolher partir ou ficar. A vida não fornecia opções variáveis, eram apenas suas escolhas.

Parte 1.